Cadê Fulozinha?

“Você quer saber onde vive a Maria Fulozinha?”, a menina Regivânia me perguntou. Pegou na minha mão e disse: “Vamos ali na mata, ela mora lá”. O lá era um pedaço verde que ficava atrás das casas coloridas do Horto, bairro de Juazeiro do Norte de onde facilmente avistamos a imagem de Padre Cícero, o tão aclamado Padim Ciço.

Mas não fomos assim sem nada nas mãos. Mestre Aldenir, que tem décadas dedicadas ao reisado e à convivência com as crianças, nos alertou de que era preciso levar um pouco de fumo. Foi até a cozinha e partiu um pedaço do rolo que guardava. “Leve pra Fulozinha, assim ela não se zanga.” Obedeci. E segui as crianças na divertida caça à Maria Fulozinha.

A Maria Fulozinha é um dos encantados das bandas do Cariri. Dizem que ela protege as matas e os animais. E quem entra em seu território tem que estar munido de cachaça e fumo. “Senão, ela dá uma pêia [surra]!”, avisam as crianças-caçadoras.

As crianças contaram coisas diversas sobre a Maria Fulozinha. Uns dizem que tem corpo de menina e rosto de velha. Outros falam que ninguém a vê. Há quem diga que ela tenha cabelos pretos e fortes como aço. Quase todos disseram que traz longas madeixas.

Amanda deu a seguinte receita: “Para ver a Maria Fulozinha, coloque fumo na mata e diga o nome dela três vezes. Depois vem o vento e ela aparece”. Simples assim.

Acima, desenhos das crianças do Horto mostram a misteriosa criatura.

Texto: Gabriela Romeu