Andanças com os cabinhas

Tenho andado um pouco por aí com os cabinhas, que, pra quem ainda não sabe, são como as crianças do Cariri cearense são chamadas. Sim, os cabinhas que conheci nos terreiros das muitas cidadezinhas do sul do Ceará têm me levado a outros quintais, estimulado muitas prosas. Isso tudo por conta dos lançamentos do livro Terra de Cabinha e o do curta Meninos e Reis.

 

Neste segundo semestre de 2016, depois do lançamento primeiro no Cariri, em julho, tenho caminhado por outros cantos. O lançamento do livro Terra de Cabinha (editora Peirópolis) em agosto em São Paulo, na Livraria da Vila da Fradique Coutinho, instaurou um tempo de abraçar os amigos, muitos. Eles sabiam o quanto esse “filho” era esperado, depois de um longa gestação. Os sorrisos não cabiam mais na minha boca nem na do Samuel Macedo, meu parceiro, autor das fotos do livro. Foi lindo demais ver também os olhos de muita gente marejar na exibição do curta que traz a história de uma menina-rainha, Maria, protagonista de Meninos e Reis.

 

Vieram então outros chamados, prontamente atendidos. E lá fomos nós lançar esses cabinhas no quintal do Instituto Tear, no Rio. Conheci a Denise Mendonça, presidente da ONG, por intermédio da Adriana Costa, uma amiga e parceira querida. A Denise sempre me ouviu atentamente e, no quintal do Tear, convidou muita gente pra me ouvir. Lá eu me sinto acolhida. Pois bem, foi nesse contexto afetuoso que lançamos em setembro, durante o Círculo da Infância, o livro e o filme. Mas não foi só. Pra lá também foram Maria, seus avós, mestre Antônio e Dora, e seu tio, Raimundo, um grande Mateus. Como diria um cearense: “Pense num momento mágico”. Foi esse.

 

Seguimos. E a próxima parada foi Santa Felicidade, bairro de Curitiba, na Ludocasa, da incrível Adriana Klisys, que sabe como ninguém ativar o lado lúdico da infância nas pessoas por meio de vivências estéticas e criativas. Foi uma tarde de encontro com educadores paranaenses numa casa que recebe a gente com um balaço agigantado, saladinhas com perfumosas flores comestíveis, objetos e esculturas que estimulam outros jeitos de ver. Foi lindo de viver.

 

De volta a São Paulo, peguei as placas para Guarulhos. O destino era um outro quintal, cuidado com puro afeto pela Erida Silva e sua parceira Vanessa Lopes de Oliveira. Numa manhã de sábado, a conversa foi com pais e educadores. Ao viajar a infâncias do Brasil profundo, desembarcamos nas nossas próprias, nos olhamos por dentro. Tudo parece tão longe, tão perto…

 

Ainda não era o fim – e será que acaba? A próxima parada foi Sorocaba, interior de São Paulo, na Livraria do Elefante, da querida Silvana Rando, uma artista de livros infantis que tanto admiro. Foi uma noite em que a livraria estava cheia de gente, pais e filhos, querendo saber mais sobre as infâncias dos rincões do país. Vimos filmes, falamos sobre o que é ser criança na cidade ou no sertão, lançamos Terra de Cabinha. No peito se abriu um território sem fronteiras. Sem fim.

 

(Por Gabriela Romeu)

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